Por: José do Carmo Valente

A ancestralidade dos tambores remonta a pré-história, quando estes foram criados com finalidade de culto aos deuses, em agradecimento por bênçãos recebidas ou simplesmente por existir, sobrevivendo às intempéries da vida. Com o passar dos séculos, o tambor foi sendo inserido em diferentes rituais religiosos e mais tarde, passaram a ser identificadores de cultura, fazendo parte e até mesmo caracterizando os grupos culturais.

O cantar dos tambores possui uma relação com a alimentação do homem primitivo, quando este caçava os animais para comer. A pele do animal servia para vesti-lo, protegendo-o do frio ou servindo para revestir as moradias do homem primitivo.

Ao esticar essas peles em troncos de árvores, o homem da pré-história passou a ouviu um barulho oriundo do couro, semelhante a um choro, uma espécie de canto, o que fez com que ele começasse a escutar aquele canto de forma contínua, passando depois tal barulho a fazer parte de comemorações e celebrações, especialmente quando este foi construído a partir de troncos ocos de árvores, recobertos pelo couro dos animais caçados.

Os primeiros instrumentos eram batidos à mão ou com galhos de árvores. Nascia assim, o tambor enquanto elemento a conectar o ser humano, em sua essência, com os outros elementos que compõem a natureza e conectam as pessoas com o transcendente.

Certo que com o tempo, os tambores evoluíram e foram assumindo diferentes formas, assim como produzindo diferentes sons ou cantos, demarcando grupos culturais e religiosos.

Há na atualidade, tambores feito com fibras e materiais sintéticos, mas a conexão com o mundo espiritual somente ocorre através do choro cantado pelos tambores, cuja originalidade e essência interligam o homem moderno a seus ancestrais.