Projeto de lei que criou secretaria para gabinete da primeira-dama pode ter sido uma armadilha engenhosa, cuidadosamente elaborada por alguém que pretendia utilizar essa informação no futuro, como de fato ocorreu.

Quatro dias após o ex-prefeito Arquimedes Bacelar comunicar sua renúncia, por meio de uma carta oficial, a Câmara Municipal de Afonso Cunha decidiu encaminhar algumas proposições protocoladas pelo ex-mandatario afonso-cunhense.

Uma dessas matérias, conforme o blog do Isaías Rocha apurou, foi o Projeto de Lei nº 09/2024, que dispõe sobre a criação da Secretaria Extraordinária de Governo do Município em Brasília (SERGB), conforme dados em anexo.

Embora a proposta tenha sido assinada pelo prefeito Pedro Medeiros, o sistema de processo legislativo do parlamento constatou que a norma, enviada pelo Executivo, tem como autor o próprio Arquimedes. O projeto foi cadastrado em nome do ex-prefeito no dia 12 de novembro de 2024, quatro dias após o anúncio de sua renúncia no dia 8 do mesmo mês.

Projeto que criou secretaria de Afonso Cunha em Brasília tem como ‘autor’ Arquimedes e foi cadastrado quatro dias após sua renúncia

Outra curiosidade diz respeito ao Projeto de Lei nº 377/2024, que iguala o gabinete da primeira-dama a uma secretaria municipal. A proposição, também assinada pelo sucessor de Arquimedes não tem autoria identificada no sistema de processo do legislativo afonso-cunhense. O caso revela uma aparente armadilha engenhosa, cuidadosamente elaborada por alguém que pretendia utilizar essa informação no futuro, como de fato ocorreu.

Série de fatos curiosos 

Desde o mês passado, a cobertura do blog na cidade maranhense tem revelado fatos curiosos e até mal-intencionados com a finalidade de arruinar reputações de políticos do lugar, especialmente de aliados. Isso se tornou evidente em pelo menos dois casos, conforme veremos a seguir.

Projeto que criou secretaria para gabinete da primeira-dama não tem identificação de autor, mas foi enviado no mês em que o ex-prefeito comunicou sua renúncia

‘Polêmica’ de um ano

Um ano após a aprovação da lei que criou a secretaria para o gabinete da primeira-dama, o vazamento intencional da informação impactou diretamente a imagem do prefeito Pedro Medeiros, ocorrendo em meio ao contexto do escândalo envolvendo o vice-prefeito Floriano Pereira, acusado pela vereadora Júlia Rodrigues de suposta tentativa de estupro, injúria e lesão corporal. De acordo com as informações, a parlamentar é aliada e amiga do peito do ex-prefeito.

Renúncia estratégica  

Arquimedes Barcelar foi eleito em 2016 com 2.181 votos, superando o atual vice-prefeito Floriano, que obteve 1.464 votos. Em 2020, Barcelar foi reeleito para um segundo mandato, mas venceu com uma diferença de apenas 279 votos. Naquela ocasião, ele obteve 2.634 votos, enquanto Floriano recebeu 2.355.

Em 2024, faltando menos de dois meses para o fim do mandato, decidiu oficializar a renúncia à Câmara. No comunicado, ele mesmo explicou que sua decisão foi motivada tanto por questões pessoais quanto estratégicas.

“Essa decisão é fruto de muita reflexão e vem ao encontro de razões pessoais/profissionais/estratégicas que julgo ser melhor para o nosso município e para minha vida pessoal“, diz trecho do documento em anexo.

Arquimedes Bacelar renunciou faltando menos de dois meses para o fim do mandato e acabou prejudicando a reeleição do aliado que assumiu o seu lugar

‘Aliado’ sem reeleição  

Com essa atitude, o vice Pedro Medeiros tomou posse como prefeito e foi eleito em 2024, mas agora fica impedido de concorrer à reeleição em 2028. Como consequência, Arquimedes fica livre para disputar a prefeitura afonso-cunhense na próxima eleição, apostando também na destruição da reputação de Floriano em meio ao suposto caso de abuso sexual que tem como ‘vítima’ sua própria aliada.

Ex-prefeito vira secretário  

A lista de curiosidades não acaba aí. Após renunciar ao mandato de prefeito, Arquimedes teria sido nomeado pelo seu sucessor para comandar uma pasta que ele mesmo aparece como ‘autor’ quando ainda era chefe do Executivo. Contudo, os detalhes deste caso serão revelados numa próxima pauta sobre o assunto.

Questionamentos  

O blog enviou na manhã deste sábado, 6, quatro perguntas ao ex-prefeito de Afonso Cunha com questionamentos sobre o caso:

1. Antes de renunciar ao mandato, enviou algum projeto de lei para apreciação dos vereadores?

2. Sugeriu ao sucessor ou deixou alguma proposição neste sentido para que ele assinasse?

3. Após a renúncia, foi nomeado para algum cargo na prefeitura?

4. Se a resposta for, sim, essa nomeação ocorreu antes ou depois da publicação da carta renúncia?

Não respondeu  

Apesar de ter sido procurado oficialmente para oferecer a sua versão dos fatos, Arquimedes Bacelar não respondeu às solicitações do blog. O espaço segue aberto para atualizações.

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