A história econômica de São Luís sempre esteve ligada ao comércio. No século XVIII, a Praia Grande foi palco do florescimento mercantil, com o Largo do Comércio e o Mercado das Tulhas funcionando como centros de abastecimento e exportação. Ali, pregoeiros, caixeiros-viajantes e comerciantes faziam circular produtos locais e importados, conectando o Maranhão ao mundo.

Hoje, passados 413 anos desde a fundação da cidade, esse protagonismo comercial se reinventa. A capital conta com nove shopping centers, galerias, centros comerciais e novos formatos de negócios. Empreendedores como Neide Baldez, da Tok Africano, exemplificam essa transformação: após atuar na Praia Grande, ela agora integra a loja colaborativa Feira MA Preta, no Shopping Rio Anil, ao lado de outras 20 mulheres. A experiência mostra tendências em ascensão, como o afroempreendedorismo, a economia criativa e as lojas colaborativas.

“Vejo essa São Luís dos 413 anos como uma cidade rica em cultura e criatividade, o que inspira o empreendedorismo. Ainda temos desafios, mas nossa história e nossa gente são forças que nos motivam a criar e resistir”, afirma Neide.

A força dos pequenos negócios

Segundo levantamento do Sebrae (agosto/2025), os pequenos negócios representam 95% das empresas formais de São Luís, em um universo de 112.145 empreendimentos ativos. A maioria são microempresas (42,8%) e MEIs (39,6%).

O setor de serviços lidera, com 53,6% dos empreendimentos, seguido do comércio (33,6%) e da indústria/construção (12,4%). Entre os segmentos mais presentes estão vestuário, salões de beleza, restaurantes, lanchonetes e serviços de promoção de vendas. Os bairros com maior concentração de pequenos negócios incluem Renascença, Turu, Centro, Calhau, Cidade Operária, Cohama, São Cristóvão e Vinhais, além da região Itaqui-Bacanga, influenciada pela dinâmica portuária.

O perfil dos empreendedores mostra equilíbrio de gênero — 54,6% homens e 47,4% mulheres — e predomínio da faixa etária entre 18 e 46 anos (65,6%). O setor de serviços é o que mais reúne mulheres à frente dos negócios (50,8%).

Vozes do empreendedorismo local

O setor de serviços aparece como um dos mais dinâmicos. Hugo Goulart, do Complexo Salvatore, avalia o futuro com otimismo:

“Temos potencial em turismo, na logística portuária e nos serviços. Precisamos, no entanto, de um ambiente mais favorável, com gestão pública ágil para estimular o empreendedorismo.”

Para Nilma Marinanto, da Soar Autopeças, os entraves logísticos ainda pesam:

“As mercadorias chegam por Fortaleza e isso encarece o transporte até o Maranhão. A expansão do Porto do Itaqui deve mudar esse cenário.”

Já Claudia Martins, da startup Innovaeco, aposta em negócios inovadores ligados à sustentabilidade:

“São Luís tem ambiente fértil para novas ideias, com apoio do Sebrae e da Fapema. Vejo futuro em uma economia circular funcionando plenamente na cidade.”

O papel do Sebrae e as oportunidades

Para o economista José Cursino Moreira, fortalecer os pequenos negócios exige políticas públicas de estímulo, simplificação tributária e inclusão das MPEs nas compras governamentais. Ele aponta oportunidades em turismo, economia criativa, serviços de alimentação, beleza, cultura, saúde e logística.

O Sebrae, presente há 53 anos no Maranhão, atua em frentes como:

Cidade Empreendedora: reduziu em 70% o tempo de abertura de empresas e levou São Luís da 71ª à 27ª posição no Índice de Cidades Empreendedoras.

Mobiliza SLZ: circuito de eventos que já promoveu 360 ações culturais e criativas, impactando mais de 20 mil pessoas.

Turismo Futuro Brasil: consolida São Luís como Destino Turístico Inteligente, com investimentos em acessibilidade e sustentabilidade.

Ações no agronegócio: capacitação em agricultura familiar, piscicultura e turismo rural.

Para o superintendente do Sebrae, Albertino Leal, os 413 anos da capital simbolizam também a vitalidade dos negócios locais:

“São Luís tem no empreendedorismo uma de suas maiores forças. Nosso compromisso é seguir apoiando quem empreende e gera desenvolvimento.”

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