O filósofo e sociólogo alemão Max Weber (21/02/1864-14/06/1920) é considerado um dos fundadores da sociologia moderna. São dele os conceitos de Ética de Convicção e Ética de Responsabilidade. Weber, enfatiza que as ações devem ser avaliadas pelas consequências, especialmente no contexto político e profissional. A Ética da Convicção prioriza valores morais absolutos, mas a ética da Responsabilidade exige que se considerem os efeitos práticos das decisões, incluindo riscos e implicações. Essa abordagem leva em conta o impacto das ações no mundo real, buscando o bem-estar e a justiça para o maior número de pessoa.
Desta forma, como analisar o atual momento dos tarifaços para o Brasil e das sanções para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes? Optaríamos por obrigações familiares ou deveres republicanos? Os questionamentos foram feitos pelo médico Marcos Davi Melo, em artigo publicado no jornal Gazeta de Alagoas.
De acordo com a publicação, Eduardo Bolsonaro fez sua opção. Quando instigou Donald Trump a tomar medidas contra a economia brasileira para tentar livrar Jair Bolsonaro de um dos processos no qual é réu, o filho deputado federal (com 700 mil votos) preferiu agradar ao pai a honrar seu compromisso de representar os paulistas na Câmara.
Gregos transformaram dramas humanos conflitantes em matéria-prima para suas tragédias. A história e a literatura estão repletas disso. O caso mais emblemático talvez seja o de “Antígona”, de Sófocles. A heroína, filha de Édipo e Jocasta, é condenada a ser enterrada viva porque, contrariando, seu tio, deu sepultura ao cadáver do irmão Polinices. Antígona se justifica diante de Creonte dizendo que desafiara o edito real, o “nomos” ou lei positiva humana, para obedecer ao que chama de “justiça divina”, que seria uma obrigação moral de ordem superior.
E qual fora o crime de Polinices para ser privado pelo próprio tio de rituais fúnebres? Antecipando Eduardo em alguns milênios, ele traíra Tebas, aliando-se a estrangeiros para atacar a própria cidade. Não foram só os gregos que viram potencial literário nesse tipo de dilema. Em “Genesis”, Abraão se dispõe a sacrificar o filho Isaac para demonstrar obediência a Deus. É a lealdade religiosa sobrepondo à familiar.
A história só não acaba em tragédia por causa da intervenção de um “Deus ex machina”, que faz interromper o sacrifício. Voltando a Eduardo Bolsonaro, não há dúvida de que ele violou suas obrigações como deputado. O mínimo que a Câmara teria que fazer é cassar o mandato que ele não soube honrar.
Pôr o “nomos” a lei positiva, acima de considerações religiosas ou familiares é inafastável numa República moderna. A opção do filho de Bolsonaro de colocar o pai acima de todos, incluindo o Brasil, é priorizar a lógica tribal que prevalece em sociedades pré-iluministas e em máfias. Ao ministro do STF Alexandre de Moraes cabe o reconhecimento por sua destemida atuação – tendo a Ética da Responsabilidade como bússola – nos momentos mais difíceis, pois quando a pandemia ameaçava causar uma mortandade ainda maior do que a de mais de 700 mil mortes no Brasil e a democracia esteve sob forte ameaça, ele esteve vigilante e ativo, tendo a Constituição como bíblia para defender a sociedade.
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