O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um recuo considerável no tarifaço contra o Brasil que não estava previsto no cenário mais otimista dos especialistas, conforme destacou o jornalista Alvaro Gribel, em artigo no Estadão.
Segundo o jornalista, pelas contas preliminares da Leme Consultores, cerca de 40% da pauta exportadora para os EUA ficou excluída do aumento de tarifas. Foram quase 700 exceções que incluem petróleo, suco de laranja, aviões, aço, e diversos outros itens relevantes vendidos pelo Brasil para os americanos.
A surpresa positiva abre a oportunidade para o governo brasileiro esfriar a crise, ainda que Trump tenha cometido, no mesmo dia, uma nova e forte agressão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes sofreu sanções que podem ter impacto não só para ele, mas para o setor financeiro brasileiro, em um medida ainda não totalmente mapeada pelos bancos do País.
O recuo parcial é reflexo do próprio tiro no pé dado por Trump. Os produtos que ficaram de fora do tarifaço são importantes para a economia americana, como é o caso do petróleo, aço e os aviões da Embraer, só para ficar em três exemplos.
Portanto, cabe agora a Lula evitar retaliações, para que mais produtos possam entrar na lista nas próximas semanas. Esse é o desejo de empresários e setores que ficaram de fora e serão atingidos pelo tarifaço, como é o caso da indústria de máquinas.
Se existe um culpado sobre o tarifaço americano, ele não está no governo brasileiro. Trump representa a maior agressão ao liberalismo econômico em toda a história dos Estados Unidos, e não há um único ato falho, erro ou omissão de Lula, Haddad ou Alexandre de Moraes que justifique o ato.
A ideia de que Trump defende e representa o mundo livre – e, por isso, estaria protegendo o Brasil de uma suposta ditadura da toga – também não tem amparo nos fatos, já que ele agride internamente a democracia americana, persegue opositores, universidades, a imprensa e, do ponto de vista externo, agravou a situação da Ucrânia contra a invasão da Rússia e manteve laços estreitos com ditaduras, como a da Arábia Saudita. Também pouco fez para impedir as mortes de civis, mulheres, idosos e crianças em Gaza.
Um exemplo de como as medidas não fazem sentido está nos acordos com o Japão e União Europeia. Ao mesmo tempo que estabeleceu alíquotas de 15% para a importação de carros japoneses e europeus, manteve tarifas de 30% para a importação de autopeças do México e de 35% do Canadá. As montadoras dos EUA terão aumento de custos, enquanto a importação de carros acabados terá porcentual mais baixo.
Culpa-se Lula por estreitar laços com os Brics, mas o conceito (já que nem bloco é) existe há quase duas décadas e, na prática, nunca influenciou em nada globalmente. Também fala-se da criação do Pix, ameaças ao dólar, dos discursos do presidente brasileiro, e citam uma série de teorias para tentar justificar o tarifaço.
A resposta correta, contudo, é a insanidade de Trump. O governo brasileiro tem seus vários erros na condução da economia, mas não recai sobre ele a culpa do tarifaço. Agora, é hora de atenuar a crise.
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