Donald Trump assinou dezenas de ordens executivas no primeiro dia de mandato. Crédito: @WhiteHouse /X/Reprodução

A arte de manipular multidões avança e ganha novos contornos surreais com a carta de um presidente norte-americano a um colega à frente da maior nação sul-americana. Uma correspondência difícil de ser digerida por qualquer pessoa que ainda cultive algum nível de sanidade, ao justificar com mentiras medidas de retaliação comercial duras, que afetam a cadeia econômica de um país inteiro, com acenos aos bolsonaristas que tampouco vão escapar do impacto econômico delas.

Na linguagem das ruas, longe dos protocolos diplomáticos, isso é simplesmente conhecido como chantagem e intimidação.

O Maranhão tem muitas preocupações, pois será drasticamente afetado pela ameaça de uma taxa de 50% sobre as exportações. Segundo informações da Sudene, os principais produtos exportados pelo estado são pastas químicas e minérios.

Portanto, seria extremamente injusto: tanto setores fundamentais da economia maranhense quanto a própria população acabarão sendo vítimas da narrativa trompista, fomentada pelo bolsonarismo.

Começando pela falsa afirmação de que os Estados Unidos teriam um déficit nas relações comerciais com o Brasil, quando na verdade é o oposto. O que Donald Trump considera ‘insustentável’ não passa de uma justificativa sem fundamento.

Impacto local

O fato é que, apesar disso, a economia do Maranhão será uma das mais afetadas, conforme apontou a Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA). A entidade pede um diálogo diplomático imediato contra a medida, que ameaça empregos, renda e exportações no estado.

A entidade considera a medida desproporcional, injustificada e prejudicial à competitividade da indústria nacional. Além disso, indicou que alguns produtos do Maranhão estariam sujeitos ao tarifaço trumpista, como o ferro importado pela Vale, o alumínio e a alumina da Alumar, e a celulose da Suzano, que produz 1,47 milhão de toneladas por ano em Imperatriz. A carne bovina ainda não chegou à mesa dos americanos, pois o estado só será certificado como livre de febre aftosa sem vacinação em 2025.

Portanto, essa porcentagem de produtos significativa pode afetar setores que são responsáveis por uma grande parte dos empregos formais. A lição que se torna evidente mais uma vez é a necessidade urgente de maior diversificação econômica e busca por um diálogo diplomático imediato.

Também é verdade que esse alinhamento de Trump em defesa de uma democracia que ele próprio desconhece, avançando sobre questões do Judiciário brasileiro que atua com autonomia, é uma afronta à soberania brasileira. A simpatia do presidente norte-americano por Jair Bolsonaro não deveria ser uma agenda da Casa Branca.

Pense só no quanto um país pode ser prejudicado por uma narrativa de caça às bruxas que só favorece um ex-presidente. Donald Trump acredita estar atacando Lula, que até o momento tem reagido com a maturidade que se espera diante dessa crise de jardim de infância. No entanto, há uma somente única verdade: ele está ameaçando um país inteiro por pura vaidade. Os Estados Unidos também têm a perder com todo esse absurdo. Agora, resta aguardar para descobrir se se trata apenas de um blefe ou de uma jogada real.

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