Ao declarar que Juscelino Filho “não pode ficar no governo” se “não conseguir provar sua inocência”, Lula transformou a audiência com o ministro dos cavalos, nesta segunda-feira, num grande tira-teima. Na hipótese de sobreviver à conversa, o chefe do Ministério das Comunicações tende a virar uma referência ética do terceiro mandato de Lula. Mantido no cargo, Juscelino será uma espécie de padrão de inocência.
Como a perversão de Juscelino, mais do que demonstrada, já se tornou até meio folclórica, cada minuto de sobrevida dele na Esplanada renova a tolerância histórica dos governos com as malfeitorias. Juscelino levou asfalto à porteira de sua fazenda com verbas públicas, ocultou da Justiça Eleitoral a fortuna que mantém em seu haras, voou nas asas da FAB para um leilão de cavalos, retirou diárias do bolso do contribuinte. Sua presença no governo inocenta todo o ministério pelo contraste.
Gleisi Hoffmann disse que Juscelino deveria deixar o governo por conta própria, para não constranger Lula. Elmar Nascimento e Efraim Filho, líderes do União Brasil na Câmara e no Senado, disseram em nota que falta coerência à presidente do PT. Sustentam que ela prega direito de defesa para petistas enrolados e prejulgamento para os não-companheiros. E perguntam: “Será que a presidente Gleisi fará a mesma declaração caso um integrante do seu partido seja alvo de ataques?”.
Num mundo lógico, ou pelo menos num mundo mais simples, o deputado Juscelino não estaria no ministério. Ele entende de manga-larga, não de Comunicações. No fundo, a audiência do Planalto serve para testar a integridade de Lula, não a honestidade do ministro. Juscelino parecia jurado de morte pelos fatos. Mas a hesitação do presidente e a nota do União Brasil fazem com que o ministro dos cavalos se sinta cheio de vida. (Com informações de Josias de Souza, colunista do UOL)
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A culpa de termos políticos mau-caracteres no parlamento ou no executivo é do próprio eleitor cujo compromisso com o voto ou a ética de seus candidatos é nenhum.
Juscelino é um dos piores políticos do Estado que fez e faz fortuna a custa do erário sem contudo produzir nada de bom.